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[Conv] O Brasil em movimento II – Adenda de Interesse

Segunda publicação do nosso colaborador português, Rui Miguel. Para quem perdeu a primeira parte, clique aqui.

Aproveito um segundo momento concedido pela autora deste blogue para fazer uma breve apresentação de intenções.

Depois da minha primeira experiência em solo brasileiro, e de acompanhar os desenvolvimentos sociopolíticos pré e pós-estadia, comecei a colaborar neste blogue na perspectiva de lhe atribuir uma visão externa à realidade do Brasil e suas repercussões em todo o Mundo. Como já terão conhecimento, sou um cidadão português e há já muito tempo interessado em questões sociais (problemas relacionados com moral e valores, idiossincrasias culturais, etc…) e políticas (movimentações populares, organizações, questões sobre regime,…). Aqui, em Portugal, participo activamente em vários círculos (uns de âmbito claramente politizado, outros nem tanto) e acredito que sem eles não teria ferramentas para elaborar este diálogo convosco. Efectivamente, fiquei com a impressão que certas questões ficaram em aberto e, por isso, aproveitarei este espaço para fazer-me entender.

O que é Política?

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Max

Todos nós já teremos tentado responder a esta pergunta, certo? Quem nunca se viu forçado a esclarecer determinada posição acerca de uma situação quotidiana que nos deixou abalados ou indignados e que a isso tenhamos respondido através do nosso ideário*?

Sendo eu um membro de uma organização tive a oportunidade de conviver com pessoas com extensa experiência política e carregadas de ambições transformadoras da sociedade. Ainda hoje convivo diariamente com um companheiro que um dia me disse uma coisa que iria marcar o meu activismo: “poderemos não querer mexer com a Política. O certo é que ela invade a nossa casa todos os dias”.

Num mundo que parece tão disposto a criar confusões nos nossos espíritos – que abala/reconfigura o nosso sentimento de pertença, que reinventa prazeres e objetivos pessoais todos os dias, que delimita a nossa ação e escolha estarmos conscientes deste fenómeno é essencial. A minha conclusão, talvez precipitada, é que qualquer comunicação entre nós próprios e aquilo que nos envolve resolve-se politicamente, isto é, implica uma mudança dos nossos comportamentos (uma readaptação/reinterpretação) e, no limite, um volte-face nas nossas considerações morais acerca de determinado fenómeno. Somos verdadeiros Maradonas quando confrontados com a realidade. Umas vezes conseguimos avançar, noutras somos brutalmente travados.

 A nossa política, a nossa impressão digital

Um dos debates mais acesos quando focamos a nossa participação política se prende com a necessidade de organização ou não. As “jornadas de junho”, como alguns chamaram, foram a expressão clara das contradições entre os activistas que saem para a rua quanto a esta questão. Todos com experiências diferentes e soluções diversas para os problemas reais do Brasil, optaram por levantar diversas palavras de ordem e rechaçar qualquer tipo de organicidade nos protestos. Porque reagimos de forma tão agressiva quando confrontados com grupos organizados e com um programa político para a sociedade? O que pretendem essas organizações quando se somam aos protestos populares? Que estruturas fazem sentido no tipo de protestos que temos vivenciado no Brasil?

Política como prática

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Aquilo que considero mais importante na hora de assumir uma posição crítica activa acerca da realidade que nos rodeia é a necessidade de estar expostos ao contraditório. O nosso desenvolvimento político dependerá disso mesmo: o debate de ideias, baseado em argumentação informada, que nunca se esgota. Temos aí a Internet, em certa medida a TV, e os veículos informativos a papel (jornais, revistas, folhetins,…) para não perdermos o raciocínio, e a calma. Neste patamar estamos todos numa posição minimamente igualitária.

Mas a Política não se esgota neste aspecto auto-recriativo e de amadurecimento de ideias. Acho que concordamos que nada faz sentido neste processo se não considerarmos a necessidade de vermos resultados concretos na sociedade para o fortalecimento das nossas convicções: apenas a política aplicada nos dará certezas da justiça dos nossos ideais. Então, como poderemos garantir essa aplicabilidade?

Ação individual vs Ação coletiva

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O título deste último ponto vem com armadilha. No nosso dia-a-dia, e quando ponderamos acerca das soluções para os nossos problemas, temos sempre a tendência de personalizar a vitória ou a derrota, o progresso ou o retrocesso na nossa condição social e económica. Do meu ponto de vista, esta reflexão (natural pela influência de uma cultura individualista) é causa de um grande perigo para a história das nossas comunidades e da nossa própria individualidade. De facto, acho necessário que reconsideremos a forma como olhamos para nós próprios e o nosso papel de influência no nosso círculo social mais próximo. Sejamos estudantes que perdemos horas a conhecer a fundo determinada matéria, sejamos trabalhadores que acordamos de madrugada para conseguir alimentar a nossa família, sejamos os dois conjuntamente, a verdade é que pertencemos a um grupo relativamente homogéneo como actores sociais.

De que forma deveremos agir (politicamente) perante esta assunção?

No próximo artigo tentarei responder às várias perguntas que elaborei e espero poder trazer debate a este blogue. Em breve entrarei de novo em contacto convosco. Até lá, mantenham a moral em cima.


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